22 de abril de 2011

As outras...

E ela resolveu mudar o rosto
ficar diferente,
talvez atraente
ver se virava um imã...
...Mudou várias vezes
e quase não mais se via em si...
Realçava os olhos
que já há muito a verdade não viam...
Realçava a boca
que há tempos
não dizia de si...
Era um jeito artífice
de fazer dela
uma isca
pra quem sabe ser notada..
E foi se modelando
ao que julgava que ele queria
E mudava sempre
porque ele sempre mudava
E ela se buscava:
Onde mais podia,
o que mais devia
refazer em si?
Trocou de cabelo,
trocou de estilo
Apelou pra tudo
E ficou sem nada...
Quanto mais mudava
menos era vista
E nem ela mesma
mais se encontrava....
Porque na verdade
sua face oculta,
íntima em seu peito
o que ela era,
sua essência pura
nessa sua loucura
ela não mudara...
Ela era sempre
O que sempre fora
Só ela não via
o quanto era bela
sendo ela
sendo ela

Um comentário:

  1. Oh, quão bela narcisista! Quanta beleza há numa essência feminina, que transcende as aparências que os esteticistas insistem em querer imprimir, feliz quem mergulha dentro de si e desvenda a beleza do seu eterno interior, quando cantas em teu poema: Ela era sempre / O que sempre fora / Só ela não via / o quanto era bela / sendo ela /sendo ela. Parabéns Sil Tondado! Acredito que tens a certeza de que já desvendaste esse poder de beldade que há em ti! Ósculos poéticos!

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