11 de outubro de 2010

Malmequer


Então ela chegou de chofre
Aniquilou as crenças
Desativou esperanças
Desnudou-se despudoradamente...
Ela mostrou-se fria
Indiferente às dores
Reticente às questões todas...
Ela instalou-se feito um ser atônito
Incômodo
Insultuoso...
Ela veio e revelou-se forte
Invencível
Quisera fosse incrível...
Era apenas feia
Monstro...
Nem era inerte
Movia-se feito uma medusa...
Possuía tentáculos esmagadores
Possuía-me
Sufocava-me sem piedade...
Penetrou minhas desconfianças,
Bailando como um demônio esperado
Temido,
desesperadamente esperado...
E aturdiu-me...
Ela abriu-se flor sem cheiro
Sem cor
Sem pétalas...
Malmequer
Malmequer...
Vulcão erupto
Expelindo lavas
E larvas tomaram-me intensamente
Deslizando em meus seios arfantes
Desacreditados crentes...
Causou-me chagas quentes
era questão de tempo...
Confronto tolo
Torto
Batalha perdida, desafio suicida...
Ela revelou-se enfim, ai de mim:
Mentira!
Tudo foi mentira
Arma que atira:
Mentira!
Tiro que não mata o amor
Faca que não ceifa a dor:
Mentira!

Um comentário:

  1. Lindo, lindo, lindo!
    Que bom ir descobrindo esta poeta em cada linha e entrelinha, mas sei que há muito mais significantes e significados aí embutidos, como também na poeta que escreve.
    Um beijo,

    Ivan Bueno
    blog: Empirismo Vernacular
    www.eng-ivanbueno.blogspot.com

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