20 de outubro de 2010

Cabide...


Abriu o guarda-roupa na expectativa de encontrar um traje adequado.
Sentiu tecidos, modelos, texturas... Em cada peça uma lembrança, em cada lembrança uma história e em cada história um desfile de esperanças, festividades, planejamentos...
As roupas ,quietas, olhavam-na silenciosas e vazias. Moldavam-se de acordo com a ocasião ou com o coração de quem as elegia.
            Ela viajava no aroma que exalava da consciência dos tempos idos, ouvia risos, deliciava-se com os suspiros, embriagava-se com cada gole que vertia ao recordar...
Ela tecia, em meio aos panos, sua toda nula existência alinhavada...
            Pendurou-se por fim em um cabide que gritava solitário, parecia à espera... e fechou a porta do armário, silenciosa e vazia, esperando que, talvez, alguém escolhesse vestir-se nela...

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