8 de outubro de 2010

Ameaça

Ai que vontade me dá
de pendurar meu coração no varal
Deixá-lo secar inteiro
dessa umidade chorosa!
Coração chorão,
nem se permite aquecer,
aposta sempre na mesma jogada
Joga pra perder...
Vou pendurá-lo no varal,
esticadinho,  
preso por prendedores firmes
pra ver se desamassa,
desentope as veias emburrecidas pela alma sonhadora...
Ai, esse bater descompassado
esse iluminar-se de entorpecido pela presença do ser amado!
Isso me exaure!
Falo com ele, surdo: corações não têm ouvidos...
Dou sinais do meu desgaste,
ele, pulsante frenético, nem vê: corações não enxergam o concreto...
E me leva pelas mãos emotivas
sedentas
Corações têm mil mãos,
que nos agarram pelo pescoço quando tentamos dar as costas
aos nossos bobos enlevos...
Corações têm bocas, lobo mau que grita:
- Não desistas!!!!! Espera!!!!! Pode ser agora,
não vês?????
E eu, ah... eu sou inteira ouvidos
ouvindo a voz das sensações...
Coração não é cérebro,
nele não há razão,
sua beleza seduz,
pois traduz a emoção...
Ele não é um amontoado de miolos,
e me convence por sua aparência
por sua essência,
por sua definição não cinzenta
dessa minha existência...
Ele não é verde
mas ao menor sinal
me faz crer
e ver
e ver
pra crer...
Vou te pendurar no varal,
Ver se o sol te salga,
Coração!

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