7 de outubro de 2010

Abismo...

Estou tão à margem de mim
que tenho a tentação de jogar-me...
Lançar-me ao precipício das minhas fugas
e aliviar-me as dores...
Pular rumo ao resgate da minha essência
que de tão etérea
diluiu-se em sonhos inconcretos...
Vejo-me indo, indo
sem sequer estender os braços
sem sequer clamar ajuda...
Deixei-me estar assim,
longe de mim,
indiferente...
Porque já não cabem mais marcas de desencantos...
Saltar seria renascer
e refazer-me outra,
mas seria a mesma,
pois sinto imensa saudade de mim...
Renitente nos meus desenganos,
apegada à vã esperança,
não aprendi com os tropeços...
Alma pueril essa minha...
Esvaziou-se o inexistente castelo,
envelheceu a princesa encantada...
O sorriso é de amargura,
não há majestade na desilusão...
Quantas vezes se cai do alto da mesma torre?

3 comentários:

  1. Belo e amargo poema, que fala em saudade de si mesmo - algo inexplicável e dolorido.
    Abraço grande.

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  2. ah, sim... só quem já mediu a distância entre o eu e o a si mesmo sabe que a dor que aí cabe é infinita...Obrigada por sua visita!

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  3. [...] sem mais delongas, formidável.

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