29 de março de 2014




O tudo não é nada
Enquanto o pouco não for muito...
Porque tudo é sempre pouco
Pra quem nada é sempre muito...
E se o raso é o profundo
Da superfície do quase
É preciso ir pro fundo
Para não se estar à margem...

Chegou à beira de seu rio e parou. Despiu-se das roupas dos seus mais vários incômodos, largou-as na borda  e mergulhou. Sentiu as águas frias de suas desistências afogando suas possibilidades mais febris. Afundou-se ainda mais, era preciso ir mais internamente naquele mar de “e se, e se, e se” que cultivara por tanto tempo... nadava lento... boiara a vida inteira, agora, agora era hora... a cada bolha de ar que soltava tomando fôlego pra seguir no fundo de seu rio, mais aquecida ia ficando a água que lavava seus medos, desbotava-os, invalidava-os, liquidava-os... e no escuro profundo de si, viu a luz no final do túnel...

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