Quantas vezes
dividia os pedaços
para somar algo de si
no diminuir do dia?
Perguntava
e a si mesma respondia...
Apostava
e de si mesma perdia...
Enxergava
e nem assim se via...
Quantas vezes
esperava sabendo que nada viria?
Escrevia
ciente de que ninguém lia...
Soprava forte
mas a vida não enchia...
Seguia...
Passos largos
Passos curtos
Espaços em branco
Turvos...
A cada ausência de respostas
um pedaço de si ficava
Na beira da estrada
largada
semente plantada...
Um dia
sabia
colher-se-ia a si
Pedaços de desilusões
floresceriam canções
ou poemas
Adornariam a estrada
para as outras jornadas...
E avante
caminhava
radiante ou magoada
nem importava...
A história se escrevia
e só por isso
já valia...
Às vezes
divisões
somas ou multiplicações
são formas únicas
de a deixar um todo inteiro...