8 de março de 2011

Visita...


Deitada no escuro da minha noite solitária, pensei em quanto tempo não via vagalumes... Bichinhos tão faiscantes, reinantes na minha infância recheada de diversão... Onde estão os vagalumes? Luzindo em nossas ternas brincadeiras de criança,
eram jóias pirilampescas em nosso baú de descobertas...
Eis que de repente, adentra por minha janela aberta, vindo de lá do meio da enevoada insônia, trazido sabe-se lá por que caminhos, ele, o vagalume... indiscretamente invadindo meu quarto protetor de todos os meus secretos receios...
Estática sobre minha cama, puxei as cobertas até o meio de meu rosto, olhando o pisca-pisca vivo diante de mim, num balé desenfreado, de coisa que está perdida, procurando, em frêmitos, a saída... Vagalumes... eu tinha vaga lembrança de seu encanto... visto por meus olhos àquela época longínqua, eram estrelas bailantes diante de nós...
Vagalumes... vagas lembranças dos quintais infindos, em que a gente alcançava o céu durante expedições destemidas por terrenos do etéreo...
Ali, na minha cama, vendo-o hoje perdido em tropeços luminosos frente a minha adultice inerte, eu tive medo... (e se ele se emaranhasse em meus cabelos?? Eu que já o coloquei nas mãos, fechadas em conchas, como se a noite estrelada estivesse dentro de mim...) eu o vi feito um bicho, ofuscando meu desejo de dormir sem recordações... Ele encontrou a janela por onde entrara e partiu galopante rumo ao céu sem estrelas... Fixei o escuro lá de fora, esperando-o voltar... Então eles ainda voam por aí? Vagalumes... vagos lumes de quando eu descobria o mundo...

Subliminar


Diante do fato
mato, enfim
a inocência em mim
E passo a crer
que há dois lados
da moeda
do bem
e do mal querer
Mas criança que sou
esqueço a dor e o choque
E volto ao jardim
pra colher flores,
não vendo os perigos
Só vendo ilusões
Nem percebo os abismos
Só procuro sinais
de vida
pra continuar brincando
nos castelos erguidos
tijolo por tijolo
cimentados nas promessas...